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sexta-feira, 4 de maio de 2012

A doença que nos rouba de nós mesmos

 
Para todos a quem a doença de Alzheimer afecta, alguma ajuda e esperança.
 
 
Um dia, tenta ler um livro, mas não compreende as palavras. Depois, perde-se no seu próprio bairro. Eventualmente, acabará por não reconhecer as pessoas que ama. O seu corpo ainda ali está, mas você já não.
 
A doença de Alzheimer foi identificada pela primeira vez pelo cientista alemão Alois Alzheimer. Hoje em dia, a Organização Mundial de Saúde estima que 18 milhões de pessoas sofram desta doença. Em Portugal, são 90 000.
Espera-se que este número aumente para 34 milhões em 2025.
Terá um enorme impacto na nossa sociedade.
 
Para os que estão em risco, ou que já a sofrem, ou que cuidam de quem sofre, aqui ficam informações e conselhos para ajudar a prevenir, retardar e lidar com a doença de Alzheimer, bem como informação sobre tratamentos disponíveis, agora e no futuro.
 
Como é que sabe se é Alzheimer?Toda a gente pode ter dificuldade, de vez em quando, em lembrar-se do título de um filme antigo ou do nome de um conhecido. Mas os primeiros sintomas de Alzheimer são mais dramáticos do que umas falhas de memória.

As pessoas com Alzheimer incipiente são incapazes de fazer o que sempre fizeram, como pagar contas ou contar o dinheiro para uma compra. O sentido do olfacto frequentemente fica diminuído antes de a doença ser evidente. No começo, pode fazer as pessoas ficarem desconfiadas daqueles em quem confiavam. Se você ou alguém importante para si tiver estes sintomas, vá ao médico.
Normalmente, ele testará a memória com um teste cognitivo-padrão. Se o paciente achar o teste difícil, o médico provavelmente recomendará mais testes, incluindo uma imageologia cerebral. Apesar de não ser ainda muito usada, a análise do fluido espinal é considerada um dos testes mais fiáveis para a doença. Mede níveis de proteínas envolvidas na doença e, quando combinada com a  imageologia, oferece um diagnóstico com 85 a 90 por cento de exactidão, diz Kaj Blennow, médico e professor de Neuroquímica Clínica no Hospital Universitário Sahlgrenska, na Suécia.
 
 
Tratar os sintomasSe o diagnóstico apontar para doença de Alzheimer, há vários medicamentos que tratam os sintomas, incluindo Aricept, Exelon e Mentamine. Estes medicamentos podem melhorar a memória e o raciocínio temporariamente, dizem alguns peritos, mas podem não funcionar em todos os casos.

De acordo com o Prof. Blennow, «o resultado a longo prazo não é bem conhecido» e a doença provavelmente «ganhará terreno» no fim. «Não têm nenhum efeito significativo para travar o progresso da doença», diz Kurt Brunden, responsável pela pesquisa de medicamentos em doenças neurodegenerativas na Universidade da Pensilvânia.

O seu médico poderá recomendar exercício. Estudos demonstram que o exercício pode ajudar a desacelerar o progresso da doença, mesmo depois de aparecerem os sintomas. Ou poderá recomendar certos suplementos. Um estudo recente mostrou que, quando pessoas com problemas cognitivos moderados tomavam doses elevadas de vitaminas B12 e B6, as vitaminas «baixavam o ritmo de encolhimento do cérebro ... e também abrandavam o seu declínio cognitivo por dois anos», diz A. David Smith, reputado investigador da Universidade de Oxford. Uma nova bebida médica chamada Souvenaid (feita de nutrientes essenciais, incluindo ácidos gordos ómega-3), está actualmente em testes clínicos e espera-se que esteja em breve disponível, mediante receita médica, na Europa e nos EUA. Após 24 semanas, pessoas com Alzheimer ligeiro que bebiam Souvenaid conseguiam melhores testes de memória do que aquelas que bebiam um placebo. Segundo Philip Scheltens, médico e director do Centro de Alzheimer no Centro Médico da Universidade VU, em Amsterdão, «a combinação de nutrientes essenciais é melhor do que cada um isoladamente».
 
 
Falhanços na investigação podem conduzir a sucessosOs cientistas frequentemente aprendem tanto com os seus falhanços como com os seus sucessos. Ao longo das duas últimas décadas, a maior parte do desenvolvimento de medicamentos para Alzheimer focou-se em tentar remover as placas de proteína amiloide dos cérebros das pessoas que tinham a doença. E a maioria, se não todos, destes medicamentos, de acordo com a Dra. Wendy Noble, do King’s College, não se revelou muito eficaz. «A verdade é que ainda não ouvimos falar de nenhum que fosse benéfico.»

O notável falhanço de encontrar uma vacina assim apontou os cientistas numa nova direção. Em 2002, os testes clínicos da vacina tinham parado depois de diversos pacientes terem morrido devido aos efeitos secundários. Mais de quatro anos depois não se registaram melhorias cognitivas significativas nos participantes, que com o tempo morreram com a doença. Mas as autópsias revelaram que dois pacientes não tinham virtualmente nenhuma placa no cérebro. Por isso, embora a vacina tivesse eliminado as placas, outra coisa qualquer tinha continuado a destruir-lhes os cérebros.

A outra coisa parecia ser outra proteína, chamada tau, que se enrola dentro das células cerebrais. Apesar da ausência de placas amiloides, «a patologia tau permanecia», acrescenta a Dra. Wendy Noble.

Os cientistas chegaram a uma surpreendente conclusão: uma vez que os novelos de tau chegam a um certo nível, o processo de morte de células «pode continuar sem [placas]», diz John Hardy, professor no Instituto de Neurologia ICL, em Londres. Por isso, agora sabe-se que há um ponto sem retorno, depois de eliminar as placas, após o qual não se consegue parar a doença. Ninguém sabe ainda qual é esse ponto sem retorno. É possível que para deter a doença de Alzheimer seja necessário usar um medicamento contra as placas antes de os primeiros sintomas – e dos primeiros novelos – aparecerem. Isso não significa que não se devam desenvolver medicamentos contra as placas, mas apenas que combatê-las é parte da resposta. E isso leva-nos de volta aos medicamentos do futuro, alguns dos quais já estão a ser desenvolvidos para atacar a tau descontrolada.
 
Graças às descobertas recentemente divulgadas sobre como a doença de Alzheimer se espalha, deverá haver mais companhias farmacêuticas a virarem a sua atenção para medicamentos dirigidos ao desenvolvimento de novelos de tau. Mas apenas alguns estão já de facto na calha, e assumindo que um se mostra seguro e eficaz, deverá levar vários anos a entrar no mercado. Aqui está o que a Reader’s Digest apurou sobre medicamentos desta família.

A Epothilona D é semelhante ao agente de quimioterapia Taxol e foi desenvolvida inicialmente para combater o cancro, diz Kurt Brunden, da Universidade da Pensilvânia. Ao contrário do Taxol, a Epothilona D pode entrar no cérebro, e em testes em ratos a equipa de Brunden descobriu que a Epothilona D «melhora a perda de memória». De acordo com relatos não confirmados, a Bristol Myers Squibb está a planear testar a Epothilona D num pequeno grupo de pacientes com Alzheimer.
 
A Noscira, uma companhia biofarmacêutica espanhola, está actualmente a testar a sua droga antinovelos de tau, Tideglusib, em 308 pacientes com Alzheimer em 55 hospitais em 5 países europeus. E o medicamento da companhia canadiana Allon, Davunetide, mostrou-se prometedor em pequenos estudos de pessoas com ligeiras dificuldades cognitivas. As proteínas anormais não são a única área de investigação. Os cientistas podem ainda descobrir outros factores que contribuam para a perda de memória. Um desses factores pode ser a insulina, que é essencial para o cérebro funcionar. «A  insulina actua quase como um factor de crescimento do cérebro», diz Brunden. Num pequeno estudo em pessoas com Alzheimer ligeira a moderada, a insulina pareceu travar o declínio do cérebro.

Estudos recentes sobre epilepsia sugerem uma direcção nova. Em Fevereiro, neuro-cientistas da UCLA relataram que, ao estimularem eléctrodos implantados nos cérebros de um pequeno grupo de pacientes com epilepsia, puderam melhorar a memória e a aprendizagem. Um dia, esses dispositivos poderão ser implantados em cérebros de pessoas com sintomas precoces de Alzheimer. Outro estudo mostra que os pensos de nicotina aumentam a capacidade de atenção entre pessoas com dificuldades cognitivas ligeiras. Mês após mês, novos dados juntam peças à solução do puzzle da doença de Alzheimer. E para os doentes há esperança.

fonte: Selecções do Reader`s Digest

1 comentário:

A. João Soares disse...

Amiga Fê,

Obrigado por trazer este esclarecimento, muito completo, sobre esta temida doença.

Entretanto, o que se pode aplicar à prevenção e ao tratamento, sem deixar de cumprir as recomendações do médico, poderá ser muito benéfico tomar óleo de coco como se é referido em Óleo de coco cura o mal de Alzheimer.

Neste blogue encontram-se muitos conselhos sobre diversas doenças e como procurar evitá-las e ajudar na sua cura.

Beijos
João