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domingo, 29 de novembro de 2009

Cogumelo, o "marisco" do montado

Transcrição:

J0rnal de Notícias, 29 de Novembro de 2009. Por Teixeira Correia

São Barnabé, aldeia com 50 habitantes, no concelho de Almodôvar, espera receber este fim-de-semana cerca de quatro mil visitantes em busca de cogumelos, o "marisco" do montado, como lhe chamam os alentejanos.

Ainda só na 3ª edição, a Feira do Cogumelo e do Medronho já cimentou raízes, mercê da quantidade e variedade de fungos que se encontram nas tascas da aldeia e nas barracas do certame.

"A 'morte' do cogumelo é na grelha", diz ao JN o algarvio Bento Raposo, enquanto vai dando voltas aos cogumelos no fogareiro. "Assamos cogumelos o dia inteiro. É um produto muito apreciado", justifica. Ao lado, Sérgio Palma, presidente da junta de freguesia, garante que "vem gente de todo o lado", dando o exemplo de um grupo de 50 pessoas, de Lisboa, que deixa o autocarro na serra do Mú e parte à descoberta da natureza. "Se vou ao cogumelo? Quando tenho tempo, juntamos meia dúzias de amigos e procuramos petisco", diz. E assevera que na aldeia nunca houve um caso de envenenamento.

Moura Antunes, responsável pelo grupo de visitantes afecto aos Serviços Sociais da CGD (Lisboa), revela que a deslocação a São Barnabé, pelo segundo ano, tem a ver com "o pitoresco da aldeia, um certame único e gente fabulosa". Daí a intenção de passarem os dois dias na aldeia, desfrutando da paisagem e gastronomia.

Encostado ao balcão da barraca, Nelson Guerreiro ("Barreirinhas"), bebe uma imperial, acompanhada de cogumelos assados. "Nunca tive medo. Quem conhece, está à vontade", diz o padeiro de São Barnabé. Os cogumelos da região "têm características na cor e no formato" que "não enganam".

No Centro Popular dos Trabalhadores, Márcia Cabrita, assa cogumelos e linguiça caseira, para "arranjar uns cêntimos para outras iniciativas". Participante num workshop sobre cogumelos, cuja parte prática teve lugar no campo, a sua irmã Sónia surge com um exemplar, de cor amarela e de rompante. E atira: "Este é veneno. Só a cor assusta". Natural da aldeia, Sónia reconhece que a toxicidade do cogumelo lhe foi explicada no decurso da iniciativa. Coloca-o num frasco, embebido em medronho, "para conservar e guardar como ensinamento".

Vindo de Lagos, um grupo de cinco amigos, homens e mulheres, desfruta cogumelos conhecidos como pucarinhas ou cilarcas. "Comemos à confiança, porque sabemos o que comemos", diz Francisco, que tal como João Montes, pertence ao Cogumelos de Portugal-Fórum Nacional.

2 comentários:

Maria Letr@ disse...

Amigo João Soares,
Sou uma grande fã do 'Risotto ai Funghi' (Arroz de Cogumelos). O cogumelo é um dos meus substitutos da carne, tal como as nozes, as amêndoas, etc.
Um beijinho.
Maria Letra

A. João Soares disse...

Querida Amiga Mizita,

Penso que a maior parte das pessoas gosta de cogumelos, mas de conserva. No entanto poucos se dão ao prazer de os colher e comer sem conservantes, naturais. Claro que isso tem riscos e é preciso conhecer bem os bons para evitar os outros.

Beijos
João